sexta-feira, 19 de março de 2010

PEDAÇO DE CHOCOLATE!


Karl Marx, esquecido na fragrância da Mais-Valia, espreita sorrateiro na esquina, onde os flashes bombardeiam a figura de um menino a urinar! Como crianças ao toque de recreio, quando livres da rotina laboral, os adultos gracejam e gargalham descontraídos.
Viajar em excursão tem esse condão de adocicar amarguras cristalizadas no passar dos anos. Se amolecem as tensões e o corriqueiro ganha direito na taxinomia.
No enlace das pedras da calçada, seguem enlaçadas diferentes raças e culturas. Na proxémica, cada um ocupa o seu lugar! Sem colisões mas com coalizões harmónicas, o lingala, o inglês, quimbundo, francês, russo, português… são línguas irmãs. Bruxelas é um mosaico de culturas e povos, um tipo de cidade onde o vocábulo forasteiro há muito caiu em desuso. É património-universal!
No labirinto da história, a modernidade pára ofegante no seu cortejo de ufanismo e ergue os olhos para o cimo das torres de edifícios e catedrais talhados com esmero por exímios e anónimos artesões.
- Como os homens conseguiram erguer tamanha obra no alvor do séc. XVI?
Na relutância da resposta, assume-se a consciência da pequenhez! O passado emerge e confronta o presente com o seu consumismo entregue ao desvario de um prazer insaciável. É o hedonismo!
O flash se apaga, decantando na imagem guardada na memória a curiosidade do novo no velho! E na pausa, o silêncio é eloquente, enquanto se dissolve sobre a língua o pedaço de chocolate negro!

Estamos juntos!

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