sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Esqueçam São Tomé!

“A mudança produz imprevisibilidade e surpresa. Isso significa que sempre que pressionamos para que haja mudanças – e eu defendo que precisamos de ainda mais mudanças do que temos hoje -, temos de nos preparar para o facto de muito do que vamos obter ser imprevisível. Esta instabilidade inerente tem de mudar a forma como elaborámos a política da nossa nação as nossas vidas…”.
Essas palavras são do jornalista americano Joshua Cooper Ramo, apresentadas no seu livro “A era do Imprevisível”. Fui busca-las depois do e-mail que recebi reagindo ao meu texto, onde defendia a necessidade de todos os angolanos erguerem-se em prol da luta contra a corrupção desencadeada pelo Governo de Angola.
Num mundo globalizado que muda de forma veloz, há que alterar a maneira como olhamos para a realidade. Há modelos do passado que não servem para compreender os desafios actuais.
Segundo dizia o referido e-mail - já estamos envelhecidos com as promessas por um futuro melhor e prefiro ser como São Tomé, ver para crer!
Estranho! Num momento tão importante para a história do país em que é preciso arregaçar as mangas para o verdadeiro movimento contra a corrupção que como cancro definha o organismo social, alguém prefere esperar para ver!
Vivemos um momento histórico, mas o cepticismo não conduzir-nos-á a lado nenhum. O correcto é cada cidadão fazer a sua parte, participando activamente na luta. Quer esperar para ver e depois colher o fruto da seara alheia?
Esqueçam São Tomé! Contrariamente ao que se diz, como sendo um homem titubeante e céptico, ele foi um dos discípulos mais corajosos de Cristo, que deixando tudo para trás seguiu o Salvador nas peripécias por que passou na terra. Tinha fé em Cristo a apoiava-o.
Ontem, quando o país estava em guerra gritávamos: “Cada cidadão é e deve sentir-se necessariamente um soldado”. Hoje devemos dizer:
- Cada angolano é e deve sentir-se necessariamente um combatente na luta contra a corrupção!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Uma Nova História

O país entra numa nova era! A aprovação da Nova Constituição da República de Angola e a consequente nomeação do novo elenco governamental, guardadas as devidas particularidades, tem para o país o mesmo significado que teve para o Mundo a queda do Muro de Berlim em 1989, dando lugar a alteração de paradigmas que regiam as relações internacionais durante Guerra Fria. Jamais o mundo foi o mesmo. Aquele acontecimento inaugurou uma Nova Ordem unipolar, não só com o fim do Sistema Socialista Mundial e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, mas porque surge na cena mundial um novo jogar, os actores não-estatais.
Foi um acontecimento marcante, crucial, mas poucos haviam dado por isso, nem mesmo muitos estudiosos de Relações Internacionais conseguiram perceber o alcance e a profundidade das mudanças que se anunciavam.
Ao nos atermos aos últimos pronunciamentos de Sua Excelência o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, antes e depois da Aprovação da Constituição da República, pondo fim ao longo processo de transição, percebe-se uma acentuada preocupação com a estabilidade política, o desenvolvimento económico e a segurança nacional.
Nada mais será como antes! Haverá, segundo as palavras do Presidente, um “corte” vertical com o passado, apostando afincadamente no trabalho, na transparência, na disciplina e na organização e no melhoramento do bem-estar das populações.
Destaca ainda a importância no melhoramento da gestão das finanças públicas e a criação de condições para a moralização da sociedade através da criação da Lei sobre probidade administrativa, que “No senso comum, quer dizer honestidade, honradez e integridade de carácter”. Sublinhando que a probidade administrativa define os deveres e a responsabilidade e obrigações dos servidores públicos na sua actividade quotidiana, de forma a assegurar-se a moralidade, a imparcialidade e a honestidade administrativa.
Portanto, há claramente um virar de página, sendo todos os angolanos, sem distinção de qualquer espécie, chamados a participar com dedicação e espírito de sacrifício. Pois cada um tem de fazer a sua parte na construção do bem-estar comum. E só juntos poderemos alcançar as metas anunciadas pelo Presidente da República. Cada um deve assumir essa meta como sua trabalhando mais e melhor!
Para a moralização da sociedade, os meios de comunicação sociais terão com certeza um papel inquestionável nessa empreitada. E ela terá de assumi-lo com responsabilidade, profissionalismo e acima de tudo com honestidade, ajudando a sociedade no processo de monitoramento da gestão da coisa pública.
Conforme vários estudos à respeito: - Administração Pública não exerce suas actividades e direitos com a mesma autonomia e liberdade com que os cidadãos particulares exercem os seus. Enquanto a actuação dos cidadãos particulares baseia-se no princípio da autonomia da vontade, a actuação do Poder Público é orientada por princípios como o da legalidade, da supremacia do interesse público sobre o privado e da indisponibilidade dos interesses públicos.
A clara distinção entre o público e o privado evita a promiscuidade a que o Presidente José Eduardo dos Santos se referiu em anos anteriores. É com este princípio que cada gestor ou seja servidor público deve proceder no exercício das suas tarefas, para que as perspectivas que se avizinham para o país venham a ser concretizadas de facto.
“O Fim da História”, é assim que o americano Francis Fukuyama considerou a queda do Muro de Berlim. Para os angolanos, com a nova Constituição inicia-se uma Nova História! Quem não acordar, será jogado com a água do banho!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

REVER FEVEREIRO


O silêncio cobre a plateia reunida no auditório do Hotel Sana, em Lisboa. O embaixador Manuel Pedro Pacavira, vindo de Roma a propósito, desfia, na sua fala calma, o rosário das suas lembranças, das dificuldades e dos perigos da clandestinidade. Nas breves pausas, a emoção espreita sorrateira. Ele cita nomes de companheiros tombados e apela aos jovens de hoje ao patriotismo.
– É preciso que vocês assumam o vosso papel na história de Angola, porque nós já passamos. Já estamos velhos.
O quatro de Fevereiro de 1961 ficou distante no tempo, mas a saga heróica prevalece, feito semente de um passado projectado para o futuro. São passados 49 anos desde dia em que angolanos se ergueram com catanas para romper as algemas da colonização e da opressão. Muitos morreram naquele dia, mas o grito de revolta ecoou no mundo inteiro.
Depois foi a vez do Embaixador de Angola em Portugal, Marcos Barrica, falar dos desafios do presente. A aprovação da primeira Constituição Angolana e os projectos sociais em curso. A habitação, a saúde e educação são as grandes prioridades do novo governo. A plateia questionou, queria saber mais do país. A curiosidade foi satisfeita com imagens de vídeo projectadas no telão.
E o almoço recheado de iguarias serviu para a confraternização entre os angolanos residentes em Lisboa, fechando as celebrações do aniversário do 4 de Fevereiro. As conversas e a gastronomia angolana adocicaram o paladar de um país que todos querem rever e ajudar a construir.