quarta-feira, 5 de maio de 2010

Levaram-me até à Boca do Inferno!

Condução suave e mãos firmes segurando a direcção! Depois de ter estado no ponto mais Ocidental da Europa, desci a Boca do Inferno e lá encontrei pescadores e coleccionadores do exótico. Olhei perdido a paisagem inquieta. Regressei com relutância! Na hora da partida, o sobressalto. A esposa e a filha não apareceram para o embarque. Com maus pressentimentos na retina, corri tresloucado na passarela até à Boca do Inferno. “Não posso viver sem ti. A outra boca do Inferno apanhar-me-á…” Mas era apenas um engano que valeu suculentas gargalhadas, quando a caminho do jantar num cantinho do restaurante com o crepúsculo espreitando nas frestas das nossas almas. Imaginem! Há 50 anos, Lénia Godinho frequenta o lugar. Tinha 7 anos quando pela mão dos pais entrou pela primeira vez naquele lugar. Há 50 ela mantém uma relação de fidelidade com a equipa daquele restaurante. E o simbolismo cobre a mesa centrada por uma vela incandescente. O suspiro de gratidão substitui as palavras silenciadas, enquanto o gesto se decantava no fundo da alma de cada um! As palavras não dizem tudo! No inusitado lembro-me e busco a Ponta Padrão de Angola. Encontro-o no Soyo, província do Zaire, e tem registo da passagem de Diogo Cão por aí. Na província do Bié, está implantado o marco que assinala o centro de Angola. O Ponto mais a leste de Angola fica em Cazombo, Moxico. Rosa-dos-ventos! Aparente simples mas a geografia condiciona a cosmo visão, pois cada um de nós fala a partir de um ponto que pode ser geográfico, cultural, ético ou qualquer. Não há ponto sem azimute!

Sem comentários: