quinta-feira, 24 de junho de 2010

NOSSO BEM, NOSSO MAR!

A vida, na sincronia com a história e a cultura, é feita de eventos carregados de simbolismo, que se tornam correias de uma cadeia de transmissão que interlaçam o passado, presente e o devir de gerações inteiras.
Os mitos se reactualizam e permanecem prenhes de sentido modelando atitudes e comportamentos de indivíduos e sociedades, graças ao papel semiótico dos rituais na sua revalorização e actualização diante de metamorfoses e desafios. Sem estes, aqueles se desvaneciam no percurso sinuoso do tempo e apagar-se-iam da memória das geraçãos depositárias que, assim não poderão transmitir os conhecimentos acumulados aos seus sucessores.
Através de cerimónias, danças, celebrações, orações, sacrifícios, os mitos perpassam as relações interpessoais, familiares e institucionais.
O 10 de Julho se inscreve na memória colectiva como a data da criação da Marinha de Guerra Angolana, enquanto Ramo das Forças Armadas. Foi o dia em que um punhado de jovens imberbes concluiu o primeiro curso de formação que os habilitou a integrar as primeiras tripulações dos Navios de patrulha herdados da Armada Portuguesa.
Eram parcos os conhecimentos científicos sobre a Arte Naval. Eram quase impíricos os gestos no manuseamento dos equipamento de bordo.
Na lição do provérbio segundo o qual o seguro morreu de velho, no mar a navegação era quase sempre costeira. Sem sonda acústica operacional, incaucos encalhariam em dunas e rochas submersas que povoam o mar misterioso.
Mas foram tempos de muita euforia e entrega, marcados por um contexto revolucionário que mobilizava e animava a sociadade para a defesa armada da pátria.
Mais tarde com quadros bem treinados, a Marinha foi equipada com as lanchas torpedeiras, lanchas de desemparque e as porta-mísseis.
Todos se entregavam de corpo e alma para um projecto comum, o de patrulhar as águas nacionais contra a infiltração do inimigo, a pirataria, a pesca, o narcotráfico, o tráfico de seres humanos, o contrabando e a imigração ilegal. Era preciso garantir a segurança da navegabilidade e o exercíco da actividade económica e a soberania do Estado angolano no mar e rios. Não se olhava ameios. Não se olhava a sacrifícios, não se mediam os esforços no remar a barca. Até se esqueciam o esticar das horas e a dor da fadigae da distância.
O amor amaina qualquer tempestade! O amor por Angola. O Amor pela Pátria. O amor pelo povo. O Amor à Marinha!
E no remoinho do percurso da memória centenas de marinheiros deixaram as suas marcas no projecto que cresceu ao sabor das estações. A todos eles, a nossa sentida homengem e gratidão por terem feito parte desse desafio e deixado com sacrifício a sua pedra no grande edifício. Trinta e quatro anos depois, eis-nos aqui, reunidos numa enorme família de mãos dadas para o engrandecimento do projecto iniciados a 10 de Julho de 1976.
E nas tensões das cordas que nos amarram ao cais do projecto de uma Marinha forte, gritemos em uníssono:
Viva o 10 de Julho!
Com mais trabalho, disciplina e amor, reedifiquemos a Marinha de Guerra Angolana!

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