terça-feira, 19 de agosto de 2008

Mazungue é meu e ponto

Mazungue, o rio Gabelense que corre entre pedras, troncos e angústias. Adoptei-o como meu pseudónimo, aliás nunca tive outro. E os questionamentos surgiram: -
- Por quê Mazungue?
- É o rio da minha infância!
Pois todos têm um rio correndo dentro de si. Muitos já o viram ao relento, mas poucos ouviram enternecidos a melodia das suas águas entre rochas. Ademais a cidade é sempre ruidosa e degradante. Passando por debaixo da cidade da Gabela, transporta as gorduras da modernidade e só lá mais em baixo se purifica e sorri. Não sei onde fica a sua nascente nem a sua foz. Dizem nascer na Donga - região a norte do Amboim, perto da Gabela e desaguar no rio Chilo, que por sua vez desagua no rio Keve, na região da Binga, desaguando este no Oceano Atlântico.
Sei apenas que ele ornamentou as nossas brincadeiras e arrefeceu-nos do calor das correrias no capim das margens. É dele os bagres e cacussos que ajudavam a vencer a rotina pesada da cozinha feita de funge com feijão.
O mergulho no rio virou desporto para gente ribeirinha como as do Pange e Londa. Suas águas irrigavam no cacimbo as hortas fertilizadas com excrementos de cabras e excitava na memória das lavadeiras o sabor do canto da última farra.
Ouviu e guardou lamúrias de amores desavindos, paixões proibidas, traições e declarações de enamorados.
O Mazungue é o confidente, amigo, camarada!

O Mazungue é meu não o partilho com mais ninguém. Me desculpem, mas ser fã tem esse quinhão possessivo. E ponto!

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